Terça-feira de manhã qual não foi minha surpresa ao olhar pela janela e ver o tempo fechado! Raridade raríssima!

Foi muito estranho olhar a cidade com o céu nublado, desde que cheguei aqui não vi um dia sequer que não fosse de sol, isso quer dizer 110 dias consecutivos de sol. Por breves momentos a cidade me pareceu mais aconchegante, chuva na janela e e uma manhã cinzenta fizeram a cidade ter outra cara, fiquei feliz, pois por breves minutos Dubai pareceu uma cidade normal…

Mas veio a quarta-feira e ao ler o Gulf News uma matéria me chama a atenção: Experimento em semeamento de nuvens tem sucesso estrondoso ( Cloud seeding experiment has thundering success ). A chuva que tanto curti, mesmo que por 5 minutos, era artificial. Já havia lido a respeito deste tipo de experimento, mas nunca presenciado um.

Coisas de Dubai, mais uma história para minha lista, e segundo a matéria eles vão continuar com os experimentos durante o ano. Que venha chuva!

Desculpem me, todos aqueles que acompanham este Blog, pela falta de atualização, o motivo para tal fato nada mais foi do que preguiça! Quem sabe o fato de eu ter me acostumado com a cidade me deixou menos atento a novidades… e fez esquecer que meu cotidiano pode ser muito diferente e talvez até interessante para aqueles que estão além mar em terras verde-amarelas onde o Cruzeiro do Sul brilhas nas noites estreladas… (Acho que esta última frase ficou com cara de saudade).

Vamos ao que interessa, e que venha o próximo post!

Dubai possui as características de uma grande cidade, tráfego intenso, inúmeros prédios, atividades culturais, shoppings e sobre tudo diversidade cultural, sendo a cidade pela qual o ocidente tenta conhecer e quem sabe se enamorar do oriente.

Como todo bom turista e marinheiro de primeira viagem pela cidade, vivo me perdendo, constantemente tenho de pedir irnfomação a desconhecidos e nem todos estou muito dispostos a dá-las. Isto também inclui os taxistas, em sua maioria indianos e paquistaneses, que fazem cara feia quando você diz aonde quer ir, mas não sabe como chegar, principalmente alguns bairros como Al Barsha que são muito novos e as ruas são difíceis de entender.

Certo dia um taxista que estava de péssimo humor e para quem eu não estava conseguindo explicar onde morava, pois era minha primeira semana, estava quase me botando para fora do táxi (afinal tempo é dinheiro, e ele estava perdendo muito tentando me entender), quando me perguntou “De onde você é?” Eu, envergonhado por não conseguir dizer onde morava, respondi: “Brasil…”

Santa palavra! Um sorriso se abriu no rosto do motorista e logo falou: “Futebol! Ronaldo!”. Pronto, tinha passado o mal humor e logo veio uma chuva de perguntas e elogios, a grande maioria sobre futebol, logo sugeriu alguns lugares perto de onde morava e que a partir deles seria mais fácil me guiar, terminando por me dar dicas de como indicar onde morava a outros taxistas e me deixando tranquilamente na porta de casa.

Após esse episódio, sempre que estava em uma conversação mais “difícil” eu dava um jeito de dizer que sou brasileiro, e aí novamente tudo se modificava.

Na Flip Media, onde trabalho, existem mais de 13 países representados, e como forma de integrar o pessoal, toda semana alguém faz uma apresentação sobre seu país de origem, quando foi a minha vez, a sala estava lotada! Sem exageiros. Todos já haviam ouvido falar alguma coisa sobre o Brasil, mas queriam ouvir de um brasileiro como era esse país que para eles é tão exótico e distante.

Ao fim da apresentação, alguns vieram me perguntar onde conseguir fotos e músicas da terrinha, pois ficaram encantados com o que viram, não apenas sobre as belezas naturais como a diversidade cultural e miscigenação do povo, mesmo que eu tenha citado nossos problemas sociais e econômicos isso não abalou suas expectativas.

Após esses episódios, comecei a refletir e vi que pelo menos aqui em Dubai, brasileiros tem uma boa fama, pois também trabalhamos duro e com qualidade. Tratam muito bem os estrangeiros aqui, afinal estamos contribuindo para o país deles, mas não posso negar que existe uma simpatia para com brasileiros. Isso só aumenta nossa responsabilidade, pois temos uma reputação a manter, agora com vôos direto São Paulo – Dubai, a tendência é que a quantidade de brasileiros aqui aumente. Que continuemos sendo um povo acolhedor com quem visita nosso país e ótimos convidados quando nos países alheios, respeitando suas leis e costumes.

Quando retornarmos, levemos um pouco desse respeito de volta, e dessa forma sermos melhores cidadãos em nosso próprio país.

Bem vindos os brasileiros à Dubai!

Veja minha apresentação aqui:

Mais informações a respeito:

Guia da Folha sobre Dubai

Comunidade brasileiros em Dubai no Orkut

Veja outros links de blogs brasileiros nas arábias no Blogroll ao lado.

Outro dia fui pegar um táxi* em frente a um hotel para ir a casa de um colega, havia um parado na porta e outro que acabara de deixar um cliente e estava fazendo a volta, como o segundo estava mais perto perguntei se estava livre e sentei no banco de trás, qual não foi minha surpresa quando o motorista do outro táxi saiu do carro e veio discutir com o motorista pela janela. Pois aparentemente o táxi que entrei “furou a fila”.

Não se contentando, ele sentou no banco do carona e partiu para cima do outro, e eu de camarote nessa cena inacreditável…
Antes que sobrasse para mim, sai do carro enquanto rolava o vale-tudo, vieram os responsáveis do hotel ver o que estava acontecendo, diversos carros começaram a parar e buzinar pois o táxi estava bloqueando a rua, o barraco tava armado!

Por mais curioso que estava para saber o final da luta, achei mais prudente sair dali ou poderia terminar tendo de ir a uma delegacia servir de testemunnha do episódio, virei a esquina e peguei outro táxi, dessa vez ninguém achou ruim.

Só em Dubai para esses dois se quebrarem por um cliente e outros tantos simplesmente fingirem que não te enxergam…

* Antes que alguém pense que estou nadando na grana por andar de táxi, preciso dizer que o sistema de transporte aqui é diferente, é ainda muito precário, sem calçadas, onibus é quase uma lenda e tudo fica longe, restanto apenas ter um carro ou pegar um táxi. Mesmo assim, uma corrida que no Brasil custaria R$ 10,00 reais aqui custa R$ 3,50. Andar de táxi na maioria das vezes não é opção, mas a única alternativa.

Para aqueles que desjam trabalhar em Dubai, é necessário um visto de residente, geralmete solicitado pela empresa, ao final do período válido do visto temporário. E agora foi a minha vez de passar pelos exames.

Na verdade eu esperava mais, foi tudo mais do que tranquilo, são feitos apenas dois exames, um de sangue e um raio-X do pulmão, uma sala ao lado da outra na clínica WellCare em Knowledge Village.

No exame de sangue é retirado apenas 80ml de sangue, nada demais para quem doa sangue, e tudo muito limpo. Detalhe para a enfermeira que na hora de tirar o sangue eu pedi para que fosse no braço esquerdo, pois sou destro, e ela olha pra mim e pede gentilmente: “Por favor, não complica minha vida”. Ok, não vamos complicar a vida da moça…

Saindo da sala já tinha um enfermeiro indiano na porta da sala consecutiva me chamando, “tira a camisa e encosta na placa, respira fundo” mal encostei na placa já mandou sair.

Pronto, exames realizados em menos de 10 minutos e eu já estava a caminho de casa, agora é esperar chegar a documentação.

Agora que já estou instalado, posso começar a conhecer mais a cidade nos fins de semana, e para começar, um colega do serviço me convidou para jogar paintball em Sharja um emirado ( cidade estado ) vizinho, afinal de contas nada melhor para conhecer pessoas do que atirar nelas…

Sexta de manhã vou até uma mesquita perto do Ibn Battuta Mall ( O shopping temático ), e um amigo do rapaz que trabalha comigo me da uma carona até a arena, a viagem leva uns quarenta minutos, o pessoal no carro é bem divertido e todos ficam fazendo diversas perguntas sobre o Brasil, isso já está virando rotina…

A arena é muito legal, já tinha jogado paintball em 2 arenas diferentes em Floripa, mas nenhuma se compara com a daqui. Um dos campo possui jipes, torres, árvores e até um avião destruído, sem falar que é muito grande, praticamente meio campo de futebol, ideal para jogar 12 vs 12. O outro campo é menor e não possui tantos obstáculos mas possui altos e baixos que permitem que você rasteje até o inimigo sem ser visto, ideal para grupos menores 7 vs 7.

Tínhamos direito a 4 partidas, jogamos 1 no campo menor e 3 no campo maior, sempre mudando os objetivos, matar todos os inimigos, capturar a bandeira e capturar a base inimiga. A última partida fizemos contra um outro grupo que estava chegando, esse grupo era conhecido por jogar todo fim de semana e consequentemente ser muito bom nesse esporte, resolvemos arriscar mesmo com chances mínimas, éramos 7 contra 10 deles em roupas camufladas e todo tipo de proteção que você possa imaginar.

Início de jogo eu e um colega corremos para uma torre e ficamos de tocaia, praticamente um sniper, os tiros inimigos explodiam no metal da torre enquanto atirávamos neles pelas aberturas. Saldo da batalha, 3 deles abatidos apenas um dos nossos. E consegui sair sem tomar nehum tiro.

Almoçamos em um shopping e depois fomos para Global Village onde Matthias, que trabalha comigo, mora.

Global City é um grande complexo habitacional a 30 minutos do centro de Dubai, onde cada conjunto de prédios recebe o nome de um país e sua arquitetura é baseada nesse país, no caso do meu colega ele mora na China, literalmente.

Na volta meu colega nos deu uma carona, mas no caminho resolveu parar em uma oficina para trocar o filtro do ar, e o que deveria ter levado 15 minutos levou uma hora e meia, tudo porque os caras não sabiam onde ficava o filtro e simplesmente iam desmontando tudo, para no fim descobrir que o filtro foi removido e por isso o não encontravam…

Fim de tarde mais um pôr do sol na terra nos sheiks com o skyline do Dubai no horizonte.

Aconteceu na Flip outro Potluck, o motivo era o aniversário de um dos donos, Martin. Dessa vez todo o escritório participou, e a mesa estava muito variada com pratos de todos os continentes.

Como sou um péssimo cozinheiro, mas estou melhorando, fiz um prato fácil e rápido, brigadeiro! O problema era achar os ingredientes, leite condensado aqui é: Condensed Milk , o que até faz sentido, mas só encontrei latas de 50 ml, tendo de comprar várias pra poder fazer o negócio render, ai foi só comprar chocolate em pó e granulado… mas que granulado? depois de revirar 2 supermercados e falar com alguns colegas brasileiros constatei que esse confeite de chocolate é desconhecido dos árabes. Como a falta desse ingrediente não impediria o preparo, fui adiante com o que tinha em mãos.

10 minutos no fogo, 2 horas na geladeira e 30 minutos fazendo as “bolinhas”, o prato estava pronto, mas sem granulado o brigadeiro não estava parecendo “apetitoso”, improvisei jogando chocolate me pó por cima, o que uma melhorada na aparência.

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Os pratos na mesa eram organizados por etiquetas com o nome do país de origem, e lá estava o Brasil, entre a Coréia e o Sri Lanka…

Quando o pessoal começou a provar o doce e eu achei que seria apedrejado, surpresa! Todos vinham correndo com a boca atolada de chocolate me perguntar qual o nome do doce e como se preparava! Melhor da história, ficaram surpresos quando eu disse que preprei o prato sozinho… Resumindo o brigadeiro foi provado, aprovado e ainda sai como um ótimo cozinheiro!

Só em Dubai para isso ser verdade…

Fim de tarde, sol poente no horizonte e um jipe 4×4 invocado a desbravar as areias do deserto de Dubai, o passeio pelas dunas avermelhadas do deserto é apenas o início da aventura.

Curvas fechadas e quedas vertiginosas embaladas por música Árabe em alto volume, uma experiência muito divertida até que o pneu do jipe estoura e ficamos encalhados em meio ao deserto em pleno pôr do sol. Visual estonteante do alto de uma duna, horizonte limpo e alaranjado com o sol despedindo-se e a lua nascendo. Enquanto curtiamos a paisagem e tirávamos fotos típicas de turistas o guia trocava o pneu. Trinta minutos depois o sol estava posto e o carro pronto para nos levar para a segunda parte do passeio, um jantar típico em um acampamento Árabe.

Passeios de camelo, trajes típicos, falcões para fotos e outras atrações podem ser vistos na entrada do acampamento, em seu interior outras tendas oferecem Shisha e pinturas em hena, ao centro mesas e almofadas circundam o palco. O jantar é composto de diversas pratos locais, todos devidamente acompanhados de pão sírio e carne de cordeiro. Comida saborosa e leve ao som de música regional prepara a galera para o show de dança da noite.

O show conta com música e danças típicas além da participação do público quando convidado, após o espetáculo as luzes são apagadas para podermos apreciar a noite estrela em pleno deserto, sem nenhum sinal de nuvens e um horizonte infinito.

Após a festa é hora de voltar à cidade, encarar o trânsito na volta e sacolejar na condução. Para quem acha que o trânsito de Floripa está ruim, Dubai compartilha dessa infeliz semelhança.

Até o momento esse foi o melhor passeio na terra dos Sheiks e recomendo à todos que visitarem a cidade!

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Devido a dificuldades para colocar em dia todos os assuntos até o momento, resolvi colocar tudo de uma vez só, tentando fazer com que os fatos façam o mínimo de sentido possível.

Cheguei aqui na quinta a noite e já comecei a trabalhar no domingo, sem essa de ficar passeando! A empresa se chama Flip Media ( www.flipcorp.com ) uma agência web, com grande variedade de clientes, sendo um deles a Emirates Airlines, com a qual trabalho e sou um dos responsáveis pelo conteúdo para seu website no Brasil. Ambiente tranquilo e despojado, com pessoas comprometidas com seu trabalho e bom humor em alta. A grande variedade de nacionalidades no escritório é uma característica marcante e muito divertida, imagine uma babilônia de idiomas e todos tentando se entender no inglês, esse é meu ambiente de trabalho.

Dubai é grande, e tudo fica longe, isso quer dizer que para ir a qualquer lugar você deve ou fazer uma longa caminhada, em média 30 minutos para ir a padaria por exemplo, ou descolar algum transporte em quatro rodas, sendo que pegar uma carona é de longe o melhor e o mais barato.

A impressão que tenho é de que Dubai é um imenso canteiro de obras, para qualquer lado que você olhe, existem guindastes no horizonte, e a quantidade de trabalhadores na construção civil é imensa. Se não existe algo contruído, existe areia, diferente do Brasil, onde você pode encontrar terra facilmente, aqui ela é raridade, mesmo em jardins, se você olhar entre as plantas vai ver areia e não terra.

Os edifícios realmente são um espetáculo a parte, obras de arte da arquitetura moderna, alguns em estilos exóticos outros nem tanto, mas todos são muito altos sendo o maior exemplo o Burj Dubai, que pode ser visto a quilômetros de distância, mesmo estando ainda em construção.
Moradia é um caso sério, preços absurdos para pouco conforto, se você procurar muito pode encontrar algo mais ou menos, mas com certeza não vai encontrar algo bom e barato, já algo ruim e caro, está cheio no jornal… estando aí um ponto negativo forte da cidade. O que compensa é que o resto do básico de sobrevivencia não é caro, que seria alimentação e transporte, mas ambos normalmente ficam longe de onde você mora e vai levar um tempo para caminhar até eles…

As pessoas que você encontra na rua são as mais variadas possíveis, mulheres vestindo Abaya, homens de turbante, indianos com trajes típicos, em determinados momentos você se sente no oriente, e outros, em pleno ocidente, com homens de terno falando ao celular pelas ruas e jovens com roupas ao estilo “Hip Hop americano”. Diversidade é a palavra chave para o quesito cultura na cidade.

Entre trancos e barrancos essas foram minhas primeiras impressões sobre a “Cidade do Futuro” que obtive nas primeiras semanas, tentarei manter o Blog o mais atualizado possível para não ter que espremer tudo de uma vez novamente.

Um dia desses Mehdi me convidou para assistir o jogo da Tunísia na copa africana em um restaurante com outros tunisianos que ele conhece, futebol brasileiro não nega, e lá fui eu pra esse restaurante.

Quando alguém te convida pra assistir um jogo em algum lugar o que você pensa? Tênis, uma camisa de time qualquer e no máximo uma calça jeans, assim pelo menos pensava eu…

Chegando no tal restaurante já achei ele muito “arrumadinho” e não deu outra, lá dentro tava todo mundo de roupa social, até terno e gravata tinha! Poxa, fala sério, tudo isso pra assistir um jogo? Durante o jogo o pessoal foi pedindo a janta, nada de beliscos e pizza, eram um pratos que além de caros, eu não conhecia, perguntei qual prato NÃO era apimentado, e me recomendaram um que até não era tão caro. Definitivamente depois desse dia eu repensei todo o meu conceito sobre comidas apimentadas, o tal prato NÃO apimentado, deixou minha boca dormente na primeira garfada e uma boa dor de barriga no dia seguinte…

Tarde demais eu descobri que a Tunísia é um país de pratos apimentados…